Um mergulho em um México distópico onde jazz, noir e dilemas morais se encontram em uma narrativa visceral e visualmente impactante.
El Sombra não confundir com “O Sombra” de Walter B. Gibson, para quem busca algo fora do óbvio no mundo dos quadrinhos, “El Sombra: O Dia do Sacrifício” não só cumpre as expectativas – ele as supera. É como se Raymond Chandler encontrasse Frank Miller em um bar esfumaçado, trocando ideias ao som de Miles Davis, obra-prima do argentino Edu Molina, que já está nas nossas prateleiras em uma edição da Tai Editora. Combinando uma narrativa densa, estética em cada quadro, essa história de um México distópico promete fisgar leitores de quadrinhos e apaixonados por histórias de anti-heróis.
Premiada em eventos, como a Feira del Libro Independiente e a Feira Internacional Palácio de Minería, a obra transcende o gênero policial ao explorar questões humanas em um mundo brutalmente corrompido.
O lado sombrio da moralidade
No coração da trama está El Sombra, um detetive particular que não faz questão de ser simpático ou correto. Ele caminha por uma Cidade do México futurista e decadente, onde o poder está concentrado em um regime autoritário e a linha entre o certo e o errado é mais embaçada do que nunca. Ao lado de seu assistente Tito, El Sombra mergulha em uma conspiração que mistura máfia, corrupção política e a busca por uma droga sintética chamada “Felicidade”.
Diferente dos detetives clássicos, El Sombra não é movido por um senso de justiça – sua bússola moral é tão caótica quanto o cenário à sua volta. O resultado é uma narrativa que instiga o leitor a questionar suas próprias ideias de heroísmo e redenção.
Visual de tirar o fôlego
Além de um roteiro afiado, Edu Molina entrega um espetáculo visual. O traço meticuloso e o uso do chiaroscuro fica presente na obra, com influência forte do mestre Will Eisner criando uma atmosfera à la Blade Runner, transportando o leitor para esse México cyberpunk onde jazz e decadência se misturam.
É uma leitura que faz você querer revisitar quadros como se fossem cenas de um filme que você não quer que acabe.
Por que ler “El Sombra”?
Porque é visceral. Porque é uma montanha-russa emocional que joga você de cabeça em dilemas éticos, risadas amargas e cenas de ação dignas de um filme de Tarantino.
Se você gosta de histórias densas como Sin City, mas com algo mais substancial e um roteiro que não teme cutucar feridas, “El Sombra” é a pedida.