dezembro 12, 2024
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Artistas recontam lendas amazônicas com olhar feminino

Imaginário amazônico sob o olhar das artistas Iaci Gomes e Renata Segtowick

Com textos de Iaci Gomes e ilustrações de Renata Segtowick, livro Visagentas respeita histórias ancestrais e propõe narrativa mais atual sobre a mulher no terror.

Se você cresceu no Pará, provavelmente já ouviu alguma história de visagem. Podem ser seres espirituais que assombram a cidade – como a Moça do Táxi, da capital Belém, e a Mulher Cheirosa, de Soure – ou entidades que se transformam em animais – como a Matinta Perera e a Cobra Caninana. Essas histórias de arrepiar os sentidos foram a inspiração para o livro Visagentas, que entra em pré-venda nesta segunda-feira (21), um mês antes do lançamento oficial.

A obra é fruto da parceria entre duas mulheres amazônidas. A escritora, contista e jornalista Iaci Gomes uniu seus talentos aos da artista visual e designer Renata Segtowick para dar origem a 10 contos inspirados em histórias clássicas de visagens, relatos fantásticos e assombrações paraenses, reescritas a partir do ponto de vista feminino. Para acompanhar os textos, o livro mergulha no imaginário popular e na criatividade com 10 ilustrações, que evocam o misticismo dos relatos originais combinados com as formas e cores características dos trabalhos artísticos de Segtowick.

“Eu já abordava o fantástico, o místico e as referências de Belém, onde eu nasci. Então eu vinha observando há algum tempo as discussões de gênero nas histórias de terror e nos filmes. Quando eu trouxe a ideia para a Iaci, era nesse sentido de desmistificar o papel da mulher nas histórias, porque é muito comum a mulher ser a bruxa, a má ou a sofredora e queríamos recontar esses relatos a partir de outro lugar”, explica Renata.

A ideia ganhou corpo em um projeto, que foi selecionado em 1º lugar pelo Edital de Múltiplas Linguagens – art. 8º, da Lei Paulo Gustavo, publicado pela Fundação Cultural de Belém (Fumbel). Além do livro físico, o Visagentas também estará disponível em formato de audiolivro e e-book. Metade da tiragem impressa prevista no edital será doada a escolas públicas municipais, bibliotecas e pontos de leitura periféricos, como contrapartida pelo financiamento ao projeto.

Ancestral em nova abordagem

A escritora dos contos, Iaci Gomes, reforça que a ideia não é desrespeitar as versões clássicas das histórias, e sim propor uma produção atual, com linguagem mais focada no público adulto e jovem adulto. “A proposta respeita os contos originais, mas com uma nova abordagem. Exploramos o terror, o horror, mas também a emoção. Abordamos temas que pedem uma sensibilidade a mais, como solidão feminina, violência doméstica e relações familiares. Colocamos algo que só duas mulheres poderiam trazer”, afirma a autora, que no passado publicou as obras “Nem Te Conto”, “Curtidas Mortais” e “A Semente” – todas no gênero de contos de terror.

Renata Segtowick, que já tem cerca de 20 anos de carreira na arte e na publicidade, acrescenta que a liberdade artística foi o grande diferencial do projeto Visagentas. “É um marco para mim, porque eu e a Iaci fizemos o livro do nosso jeito, em equilíbrio. Contribuímos uma com a outra, ouvimos as pessoas que trabalharam com a gente, mas mantivemos aquilo que nos representa de verdade.”, destaca.

Parcerias femininas

Além das duas artistas que assinam a obra, Visagentas conta com a revisão editorial de Jeniffer Yara e a consultoria da pesquisadora de saberes ancestrais Danielle “Yaci Anambé” Souza. “Apesar de estarmos inseridas na cultura amazônida, ouvir as sugestões da Jennifer, que é mestre em Estudos Literários, e da Danielle, que é antropóloga e também uma mulher indígena, foi muito importante para que nós mantivéssemos o respeito pela ancestralidade que esses contos também carregam, sem abrir mão da qualidade editorial e da nossa liberdade artística”, relata a escritora Iaci Gomes, sem esconder a empolgação com a equipe que ajudou a dar vida ao projeto.

Em alto e bom som

Para o audiolivro, que será lançado junto com a versão impressa, somam-se ao projeto as vozes de Sonia Ferro, Félix Robatto e Maria Helena Robatto, com produção, gravação e sonoplastia assinada pelo Pupuña Estúdio.

“A ideia do audiolivro é fazer realmente como se fosse uma radionovela, com interpretação, com sonoplastia. Mesmo sendo um estúdio mais voltado pra música, eles adoraram o projeto, aceitaram fazer e ficou super legal. Vamos colocar trechos para as pessoas escutarem no dia do lançamento”, promete Segtowick.

SERVIÇO

Livro Visagentas

Lançamento: 22/11/2024, das 18h às 21h30

Local: Centro Cultural da Justiça Eleitoral do Pará. Rua João Diogo nº 284, bairro Campina, Belém – PA

Pré-venda: a partir de 21/10/2024, pelo beacons.ai/visagentas

Preço: R$ 48 para a cópia impressa, gratuito nos formatos audiolivro e ebook

Informações: @visagentas no Instagram e www.visagentas.com.br

Com informações de Assessoria de Comunicação.

Editor
Ilustrador com mais de 30 anos de carreira, é cartunista e quadrinista. Com participações e prêmios em exposições internacionais, destaca-se por sua arte crítica e seu envolvimento em projetos de humor gráfico mundial.

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