Do Yamata no Orochi ao Shenlong, conheça os dragões do Japão e como eles influenciam mitos, templos e a cultura pop até hoje.
Dragões são criaturas míticas que habitam o imaginário coletivo em todo o mundo, mas no Japão, eles assumem formas e significados únicos. Conhecidos como Ryū ou Nihon-no-ryū, os dragões na cultura japonesa são muito mais do que bestas mágicas — são divindades, símbolos de sabedoria, guardiões de templos e, claro, personagens marcantes na cultura pop.
Mitos que atravessam séculos

Na mitologia japonesa, os dragões têm raízes profundas e múltiplas formas. O lendário Yamata no Orochi, por exemplo, é uma criatura colossal com oito cabeças e oito caudas. Ele foi derrotado pelo deus Susanoo, que encontrou a lendária espada Kusanagi escondida em uma de suas caudas.
Outro nome de peso é Ryūjin, o deus-dragão dos mares. Ele habita palácios submersos e rege as marés e os peixes. Já Zennyo Ryūō, o “Rei Dragão do Bem”, é uma figura ligada à chuva e costuma ser retratado com uma serpente sobre a cabeça.
Mas nem todos os dragões japoneses são nobres. A lenda de Kiyohime, por exemplo, fala de uma jovem rejeitada que se transforma em dragão para se vingar. E a temida Nure-onna, metade mulher, metade serpente, costuma atrair humanos à morte enquanto lava seus longos cabelos à beira do rio.
Templos dedicados aos dragões

No Japão, não é raro encontrar templos e festivais que homenageiam essas criaturas místicas. O Tenryū-ji (“Templo do Dragão Celestial”), em Kyoto, e o Ryūtaku-ji (“Templo do Pântano do Dragão”), são apenas alguns dos muitos exemplos.

No Templo Sensō-ji, em Asakusa, acontece duas vezes ao ano a Dança do Dragão Dourado (Kinryū-no-Mai), que celebra a reconstrução do salão principal após a guerra. A tradição remete a 628, quando dragões dourados teriam surgido do céu após uma estátua de Kannon ser encontrada no rio Sumida.
Dragões que voam na cultura pop

A mitologia pode até ser antiga, mas os dragões japoneses continuam mais vivos do que nunca na cultura pop. Shiryu de Dragão, dos Cavaleiros do Zodíaco, é um ícone para toda uma geração. Em Dragon Ball, o dragão Shenlong é o ser místico que concede desejos ao reunir as esferas do dragão. Já em Pokémon, dragões como Rayquaza e Dragonite mostram o quanto essas criaturas seguem fascinantes e reinventadas.

No cinema, A Viagem de Chihiro, do Estúdio Ghibli, nos presenteia com o dragão-rio Haku, um espírito protetor de aparência bela e misteriosa. E nos games, franquias como Dragon Quest e Monster Hunter colocam os dragões no centro de aventuras épicas.

Dragões na cultura japonesa são mais do que figuras mitológicas. São pontes entre o passado e o presente, entre o espiritual e o mundano, entre a tradição e o entretenimento moderno. Onde houver um dragão, haverá uma história — e no Japão, essas histórias nunca deixam de impressionar.
Fonte: Japão em Foco