novembro 1, 2025
Reviews

Elden Ring: NightReign — o spin-off ambicioso que perdeu fôlego

Imagem/Reprodução

NightReign tenta transformar Elden Ring em um soulslike battle royale, mas falta conteúdo, suporte e comunidade para sustentar a proposta.

Logo de início, Elden Ring: NightReign apresenta uma proposta ousada: transformar o universo sombrio e complexo de Elden Ring em um soulslike com elementos de battle royale, totalmente voltado à experiência multiplayer. A ideia é ambiciosa e, em certos aspectos, bem executada — afinal, o mundo de Elden Ring já oferece uma enorme variedade de classes, builds e estilos de combate, o que naturalmente favorece esse tipo de jogabilidade cooperativa e competitiva. No entanto, essa liberdade, tão marcante no jogo base, aqui é parcialmente limitada. Em NightReign, os personagens jogáveis são pré-selecionados, cada um com builds pensadas para abranger diferentes estilos de jogo, mas sem a mesma flexibilidade de personalização.

Assim, perde-se a possibilidade de criar personagens únicos e “exóticos” — algo que muitos jogadores veteranos certamente sentirão falta. Atualmente, o título conta com apenas oito personagens jogáveis, cada um com aparência, atributos e habilidades próprias, o que garante certa diversidade, mas ainda fica aquém da profundidade oferecida pelo original. Apesar dessas limitações, o jogo continua sendo divertido e envolvente, especialmente por trazer uma proposta diferente dentro do mesmo universo.

NightReign não é uma DLC direta, mas sim um spin-off mais leve, que busca oferecer partidas mais dinâmicas e acessíveis. Um dos maiores acertos está no multiplayer em tempo real, que permite jogar constantemente ao lado de outros players — diferentemente do Elden Ring base, em que as invocações eram breves e pontuais. O resultado é uma experiência mais intensa, fluida e cooperativa, com combates contra NPCs e chefes que se tornam mais estratégicos e acessíveis graças às mecânicas PvP implementadas. Entretanto, o brilho do lançamento parece ter se apagado com o tempo. Atualmente, encontrar partidas completas é um desafio, já que a base de jogadores diminuiu significativamente. As atualizações pós-lançamento se concentraram quase exclusivamente em ajustes de balanceamento e correção de bugs, com pouco ou nenhum conteúdo novo. Isso faz com que, após alguns dias de jogo, a experiência se torne repetitiva e previsível, principalmente devido à falta de variedade nos mapas e modos de jogo. Esse desgaste natural acabou refletindo em uma queda notável na comunidade ativa do game.

Outro ponto que merece destaque é o valor de lançamento. Embora NightReign mantenha a mesma qualidade gráfica do jogo base — com a mesma engine e cenários fortemente inspirados no original —, ele acaba parecendo mais uma DLC disfarçada de título independente. A versão padrão chegou custando cerca de R$200, enquanto a edição deluxe, vendida por quase R$100 a mais, trazia apenas um artbook digital, uma trilha sonora e um gesto exclusivo, além da promessa de uma futura DLC — que até o momento não foi lançada. Isso torna difícil justificar o investimento, considerando o conteúdo relativamente limitado. No geral, Elden Ring: NightReign é um jogo interessante, mas raso. Seu formato battle royale naturalmente exige constante inovação e variedade, algo que aqui falta.

A ausência de novos conteúdos e a queda de jogadores acabam transformando o que poderia ser um projeto promissor em uma experiência passageira. Talvez o título funcionasse melhor como um modo adicional integrado ao jogo base, em vez de um produto separado e caro. Ainda assim, para quem tem curiosidade e encontrar o jogo em uma boa promoção — por menos de R$80, por exemplo —, NightReign pode valer a pena, principalmente para sessões rápidas com amigos. Já no modo solo, a experiência é bem mais árdua e vazia, o que limita bastante o seu apelo. Em resumo: Elden Ring: NightReign é um experimento ousado, mas que carece de profundidade e renovação. Falta-lhe a vitalidade que mantém outros títulos do gênero, como Fortnite, sempre atualizados e vivos dentro da comunidade. Apesar do bom potencial, o jogo parece ter ficado preso no tempo de seu lançamento — um spin-off que poderia ter sido muito mais do que realmente se tornou.

Editor
Ilustrador, cartunista e quadrinista com mais de 30 anos de carreira. Premiado internacionalmente, destaca‐se pela crítica ácida e humor irreverente. Agora, como editor do HQPOP, ele traduz a cultura pop com ousadia e criatividade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *