Descubra como o lado mais sombrio do gigante pode revolucionar o universo Marvel.
O Marvel Cinematic Universe enfrenta problemas com o Hulk há anos. Desde o acordo de direitos de filme com a Universal até a forma como o personagem é utilizado nas telonas, os fãs do Vingador mais forte nunca viram os filmes centrados no Hulk que sempre desejaram. Uma pena, pois o Hulk já protagonizou histórias incríveis ao longo dos anos – muitas das quais se encaixariam perfeitamente no MCU, oferecendo aquela ação irradiante com toques de radiação gama que os espectadores anseiam desde a estreia de O Incrível Hulk, em 2008. O Hulk possui uma base de fãs forte, que merece ver seu herói em sua melhor forma, mas também em seu lado mais assustador.
O mais curioso é que as melhores histórias do Hulk, como a série de 50 edições O Imortal Hulk, não se restringem à ação – elas trazem uma boa dose de horror. Enquanto o MCU tem usado o Hulk apenas como uma máquina de destruir, acaba deixando de fora os elementos essenciais que fazem dele o que realmente é. Os fãs querem mais histórias do Hulk, e isso levanta uma questão importante: será que o MCU deveria investir em narrativas mais aterrorizantes para o gigante? Há um argumento bastante convincente de que a resposta é sim.
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O Hulk como personagem de horror
Muitos fãs do MCU podem não enxergar o Hulk como um personagem de terror, mas quem já leu os quadrinhos ou assistiu à série de TV The Incredible Hulk dos finais dos anos 70/início dos anos 80 sabe que a verdade é outra. Embora o Hulk seja, em essência, um personagem de ficção científica – Bruce Banner, um físico nuclear que criou a arma mais poderosa de todos os tempos, ganha seus poderes a partir da radiação gama –, basta olhar para as primeiras histórias, inclusive a capa de The Incredible Hulk #1, para perceber os elementos de horror presentes. A Marvel basicamente promoveu o Hulk como uma continuação dos antigos quadrinhos de monstros, e Stan Lee adicionou uma boa dose do conceito de Dr. Jekyll e Mr. Hyde ao personagem.
Na versão inicial, o Hulk era uma maldição para Bruce Banner, surgindo à noite, como Mr. Hyde, e causando o caos. Suas histórias mostravam o personagem enfrentando outros monstros, mas não havia dúvida de que o próprio Hulk era um deles. Claro, a primeira série de The Incredible Hulk durou apenas seis edições antes de ser cancelada, pois os fãs dos anos 60 aparentemente não se interessavam por um super-herói com características tão monstruosas. Com o tempo, a Marvel encontrou o nicho perfeito para o personagem, e o Hulk se tornou um dos favoritos do universo Marvel. Esse nicho consistia em explorar sua natureza monstruosa, muitas vezes colocando um Hulk descontrolado contra outros heróis, resgatando os elementos de horror que fazem parte de sua essência.
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As lutas internas de Bruce Banner com o Hulk ganharam uma dimensão psicológica com o passar dos anos, elevando o personagem a um novo patamar. O transtorno dissociativo de identidade (DID) de Banner e a forma como isso afeta o Hulk demonstram, de maneira intensa, os horrores de um homem que jamais poderá ter controle total sobre si mesmo. O Hulk é, por excelência, um monstro, e seu impacto tanto no mundo quanto na vida de Bruce Banner se encaixa perfeitamente no nicho do horror psicológico. Muitas histórias excelentes transformaram a aparição do Hulk em um momento aterrorizante, utilizando o medo gerado por suas ações para deixar os leitores apreensivos a cada nova investida.
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Além disso, o Hulk é um exemplo marcante de body horror, completamente explorado em O Imortal Hulk e na atual série O Incrível Hulk. As transformações de Bruce Banner no Hulk são retratadas em detalhes macabros, evidenciando os efeitos físicos da metamorfose. Em particular, O Imortal Hulk aposta alto ao mostrar como os diversos aspectos do passado do personagem ressaltam seu lado aterrorizante, encaixando-se perfeitamente em diversos clichês do horror. Essa é a prova de que o Hulk pode ser o melhor personagem de terror da Marvel.
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MCU: Hora de inovar com o horror do Hulk
Nos últimos anos, o MCU tem se mostrado um tanto repetitivo – um desafio comum em narrativas serializadas. Os quadrinhos de super-heróis também provam ser implacáveis, e manter uma história infinita sempre nova é complicado. Agora, o MCU está aprendendo isso da maneira mais difícil, e os fãs estão constantemente buscando o resgate da antiga magia da franquia. Um dos problemas é que a fórmula estabelecida se tornou padrão, e ninguém na Marvel Studios parece disposto a abandoná-la. Contudo, está na hora de ampliar o escopo dos super-heróis cinematográficos, e uma maneira excelente de fazer isso é abraçando o lado de horror do Hulk.
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Mesmo que o fato de a Marvel ter que pagar à Universal pelo uso do Hulk seja um obstáculo – como já aconteceu com o Homem-Aranha – um ótimo filme do Hulk renderia lucros enormes. Usar essa produção como veículo para contar uma história mais sombria do personagem é o caminho ideal. O horror é um elemento rico dentro do gênero dos super-heróis que o MCU ainda não explorou suficientemente, e apostar no Hulk pode render grandes surpresas para o público.
Fonte ComicBook