Descubra como a trama mistura conspiração política e mito alienígena
Esqueça discos voadores e luzes no céu — em Projeto OVNI, o verdadeiro choque vem do chão: manipulação midiática, autoritarismo disfarçado e o medo como ferramenta de controle. A minissérie polonesa da Netflix começa como um thriller sci-fi e termina como uma crítica ácida aos bastidores do poder. O desfecho é provocador, sem aliens, mas com uma pergunta pulsando: quem controla o que você acredita?
Ambientada na Polônia de 1981, às vésperas da lei marcial, a série acompanha o jornalista desacreditado Jan Polgar e o ufólogo excêntrico Zbigniew Sokolik em uma investigação sobre um suposto contato alienígena. Mas, no fim, o que parecia ser uma invasão do além se revela um elaborado experimento de engenharia social — com um governo disposto a tudo para moldar o imaginário coletivo.
A mensagem por trás do desfecho
Apesar da estética sci-fi, Projeto OVNI mira diretamente no presente. O desaparecimento do irmão de Sokolik, que ele jurava ter sido levado por alienígenas, é explicado como um acidente comum, sem qualquer intervenção extraterrestre. É um golpe de realidade: traumas pessoais, quando alimentados pelo silêncio e pela dor, podem virar combustível para teorias perigosas — ou até mesmo para cultos ideológicos.
Sara, filha de Polgar, diz ter visto alienígenas. Mas a série não confirma se sua experiência é real ou produto de uma psique contaminada pelo pânico coletivo. Ela é ao mesmo tempo reflexo e vítima de uma sociedade intoxicada por narrativas que flertam com o absurdo.
E então vem o golpe final: Zbigniew, que dedicou a vida à busca por “verdades escondidas”, termina como prisioneiro da própria farsa. Ele vira o símbolo do que Projeto OVNI realmente quer dissecar — como uma mentira bem contada pode colonizar a mente, suplantar fatos e reinventar o mundo ao redor. No fim, o único abduzido é ele mesmo.

Verdades duvidosas, mentiras convenientes

A série não entrega um final fechado — e essa é a chave. Ela escolhe a dúvida como encerramento. A dúvida sobre o que vimos, sobre o que nos disseram, sobre o que decidimos acreditar. O que é mais assustador: um alienígena espreitando na floresta ou um regime que usa o medo como método?
Projeto OVNI termina com mais perguntas do que respostas — e faz isso com intenção cirúrgica. A série não quer explicar tudo, quer provocar. Quer nos fazer perguntar quem são os verdadeiros autores das histórias que nos moldam. E, principalmente, por que continuamos acreditando nelas.