Conheça a graphic novel que transforma mitos da Amazônia em arte sequencial premiada e prova o potencial da Nona Arte nacional.
A produção de quadrinhos do Pará, embora expressiva, inclui edições independentes e limitadas que se tornam verdadeiros alvos de colecionadores, que frequentam espaços como a Gibiteca da Fundação Cultural do Pará (FCP). Essa Gibiteca, inclusive, já abriga um acervo histórico com mais de 30 mil exemplares, incluindo obras raras como “Aventuras de Bill, O Detective Secreto”. No caso de Belém Imaginária, uma graphic novel de edição única, lançada em formato de luxo no final de 2004, a procura é grande, pois a obra adquiriu repercussão inclusive em outros estados e se estabeleceu como um perfeito exemplo do bom quadrinho nacional. Dada a natureza da produção local, onde a manutenção de revistas periódicas carece de circunstâncias favoráveis, e muitos projetos são edições únicas, encontrar exemplares desta aclamada história sobre mitos da Amazônia exige dedicação e sorte dos colecionadores que buscam essa joia da Nona Arte paraense.
Lendas urbanas e arte sequencial premiada

O trabalho surgiu a partir do esforço de integrantes do Estúdio Casa Velha. A história, escrita a oito mãos por Wolney Nazareno, Fernando Augusto, Carlos Paul e Otoniel Oliveira, mergulha nos mitos e lendas da Amazônia de maneira leve e agradável, evitando o querer educar à força.
A trama começa quando Saulo, um menino de Belém, acorda em uma versão alternativa da cidade, onde os animais não apenas andam, mas também falam e se vestem como humanos. Surpreso e rapidamente perseguido por malandros locais, Saulo precisa da ajuda de aliados inusitados.
Quem assume a proteção do garoto é Iaçá, uma indiazinha inspirada na lenda que deu origem ao açaí, junto com o macaquinho Enilson, a dupla se empenha em levar Saulo de volta para casa. Para cumprir essa missão, eles precisam enfrentar perigos míticos, incluindo o gigantesco Mapinguary e a temível bruxa Maria Cipó, que deseja possuir o corpo de Saulo. A única criatura que pode, de fato, ajudar, é a poderosa Boiúna, uma cobra colossal que repousa sob a cidade.
Os leitores são cativados não apenas pela narrativa, mas também pela arte. Os desenhos vibrantes de Carlos Paul e Otoniel Oliveira, combinados com a colorização em aquarela (a cargo de Otoniel Oliveira e Fernando Augusto), oferecem uma experiência visual única.
Além de divertir, Belém Imaginária é considerada um excelente exemplo de HQ, oferecendo notas explicativas curtas e de fácil entendimento sempre que termos ou lendas locais são utilizados.
A caça aos tesouros do Pará
A produção de quadrinhos no Pará tem um histórico rico, incentivado por grupos como o Ponto de Fuga e por editais governamentais que resultaram na publicação de álbuns, como Encantarias – a lenda da noite.
Belém Imaginária comprova que, com apoio ou não do governo (embora tenha tido patrocínio inicial), o talento dos quadrinistas paraenses brilha intensamente, criando histórias inusitadas e criativas. Se você procura um tesouro raro do quadrinho nacional que mostra a força da Nona Arte na Amazônia, coloque Belém Imaginária na sua lista de caça!.