Após uma década, banda paraense ressurge com single denso, emocional e mergulhado nos anos 90
Dez anos se passaram desde que a Bella Valentina lançou seu último trabalho. Agora, com o single “Sunday”, a banda paraense reaparece com a mesma essência que a consolidou no cenário alternativo: guitarras em camadas, texturas densas e um respeito visceral pelas origens do shoegaze.
Formada em 2008 por Darlan Gomes (voz e guitarra) e Jailson Siqueira (bateria e programações), a Bella Valentina sempre soube onde pisar — mesmo olhando para os pés, como manda o figurino do gênero. Ao lado de Benjamin Neto (baixo), Wanessa Soli (guitarra base) e Alexandre Rego (guitarra solo e pedal maker), o grupo imprime em “Sunday” uma atmosfera carregada, nostálgica e sem concessões.

“Queríamos algo que evocasse o início do movimento shoegazer, bem noventista mesmo”, conta Darlan. O resultado é uma faixa com guitarras saturadas, reverb profundo (cortesia do Strymon Big Sky) e uma terceira guitarra que insere dissonâncias discretas, mas essenciais para a personalidade do som. A produção, assinada por Jailson, envolve plugins de saturação e uma mixagem que prefere a sensação ao polimento.
A voz, soterrada sob paredes de som, é quase um sussurro atmosférico. “Faz parte da estética — ela precisa estar ali, mas como mais um elemento da paisagem sonora”, explica o vocalista. A abordagem é fiel à cartilha de bandas como My Bloody Valentine, Loop, The Pains of Being Pure at Heart e Ceremony, mas com um toque autoral que inclui até pitadas de grunge em meio à névoa shoegazer.
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As letras, como é comum no estilo, são confessionais. Darlan escreve sobre solidão, perdas, medos e o peso da realidade, sempre com um olhar emocional, quase cinematográfico. E se “Sunday” soa como uma carta de amor ao passado, o próximo EP — em produção — deve seguir esse caminho. “Está ainda mais clássico, mais direto ao sentimento”, antecipa ele.
A Bella Valentina parece não estar interessada em modismos ou tendências passageiras. Prefere mirar fundo na introspecção, construir muralhas de som e deixar que cada acorde ressoe como um eco de algo que já se sentiu antes, mas nunca se soube nomear.
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