junho 28, 2025
Games

Conheça 5 jogos que abraçam a Diversidade & Inclusão

Imagem/Freepik

No Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, pesquisa revela que a comunidade valoriza marcas e jogos que investem em inclusão e rejeita estereótipos negativos nas narrativas

No dia 28 de junho, o mundo celebra o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, uma data que reforça a luta por respeito, visibilidade e direitos da comunidade. No universo dos games, essa pauta vem ganhando espaço, tanto nas narrativas e personagens quanto nas ações de mercado. Mais do que entretenimento, os jogos digitais têm se consolidado como plataformas de expressão, acolhimento e representatividade.  

No Brasil, dados da Pesquisa Game Brasil 2025 (PGB) revelam que 82,8% dos brasileiros têm o costume de jogar algum tipo de jogo digital. Segundo o GLAAD Gaming Report 2024, 17% dos jogadores nos Estados Unidos se identificam como LGBTQIA+. Apesar do crescimento, ainda há um desejo latente por mais representatividade: 72% desse público afirmam querer ver mais personagens, histórias e iniciativas inclusivas dentro dos jogos. 

“Como organização, entendemos que nosso papel vai além da competição. Precisamos garantir que o ambiente gamer seja acolhedor e seguro para todos, independentemente de gênero, orientação sexual ou identidade. A diversidade dentro do universo dos eSports é fundamental para que mais talentos se sintam representados e queiram fazer parte dessa comunidade”, declara a diretora do time de e-sports Team Solid, Luiza Trindade, conhecida como Croft.

O mercado LGBTQIAP+ e seu impacto financeiro  

Com um poder de compra global estimado em US$ 4,7 trilhões, o público LGBTQIAP+ representa uma fatia estratégica para as marcas de games, conforme o levantamento da GLAAD. No Brasil, o crescimento da comunidade gamer LGBTQIA+ acompanha essa tendência global, com cada vez mais consumidores exigindo diversidade de representações.  

O impacto econômico da representatividade LGBTQIAP+ nos games vai além dos números demográficos. O estudo também mostra que 70% dos jogadores LGBTQIAP+ e 46% dos jogadores não-LGBTQIAP+ são menos propensos a comprar ou jogar um game que contenha estereótipos prejudiciais sobre a comunidade. Entre os jogadores hardcore, esse índice alcança 51%, demonstrando que a inclusão não é apenas uma questão social, mas uma estratégia de negócios inteligente. 

Empresas líderes do setor já reconheceram esse potencial. A Xbox, em parceria com a Microsoft, destinou cerca de US$ 200 mil a organizações que apoiam a comunidade LGBTQIAP+ apenas no último ano, com o objetivo de incentivar diálogos e mobilizar ações comunitárias. 

Plataformas como YouTube, TikTok e Twitch, desempenham um papel fundamental na manutenção e fortalecimento dessas comunidades dentro do universo gamer.

Espaços como servidores no Discord, grupos e fóruns possibilitam que jogadores encontrem pessoas com interesses similares, compartilhem vivências e recebam apoio em momentos difíceis. 

O poder transformador dos games como refúgio 

Para além do entretenimento, os games têm se consolidado como verdadeiros refúgios para a comunidade. 75% dos jogadores LGBTQIAP+ que residem em estados onde uma legislação anti-LGBTQIAP+ foi aprovada ou proposta afirmam que os games permitem expressar-se de forma que não se sentem confortáveis no mundo real.  

Jogadores LGBTQIAP+ têm 24% mais chances de utilizar jogos como suporte para superar momentos difíceis, enquanto 66% desse público afirma que os games proporcionam uma forma de expressão pessoal que não conseguem manifestar offline. Estes dados, originalmente identificados pela GLAAD, reforçam o papel dos games como ferramentas de empoderamento e conexão social. 

pesquisa indica que 52% dos jogadores enfrentaram assédio enquanto jogavam online, e 42% evitaram jogos devido ao assédio antecipado. Esse cenário tem motivado empresas a implementar políticas mais rígidas de moderação e sistemas anti-toxicidade. 

“Os games não são apenas uma forma de escapismo, mas também funcionam como ferramentas de empoderamento, conexão social e ambiente profissional competitivo. Cada vez mais, times, plataformas e marcas entendem que apoiar a diversidade não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma forma de fortalecer a comunidade como um todo. Um ambiente inclusivo é um ambiente mais criativo, competitivo e saudável”, afirma Croft. . 

Jogos que abraçaram a representatividade

Diversos títulos se destacaram por investir em narrativas e personagens LGBTQIAP+ autenticamente desenvolvidos:

  1. The Last of Us Part II – A Naughty Dog criou uma das representações mais aclamadas do gênero com Ellie, protagonista lésbica cuja orientação sexual é tratada de forma natural e orgânica à narrativa. O jogo vendeu mais de 10 milhões de cópias mundialmente.
  2. Hades – O roguelike da Supergiant Games apresenta Zagreus, protagonista bissexual que pode desenvolver relacionamentos tanto com personagens masculinos quanto femininos, incluindo Thanatos e Megaera, em uma narrativa que celebra a fluidez sexual.
  3. Cyberpunk 2077 – Apesar dos problemas técnicos no lançamento, a CD Projekt RED criou um dos sistemas de customização de personagem mais inclusivos da indústria, permitindo total liberdade na criação de identidades de gênero e oferecendo relacionamentos diversos.
  4. Apex Legends – A Respawn Entertainment se destacou por incluir personagens LGBTQIAP+ desde o lançamento, como Bloodhound (não-binário) e Gibraltar (gay), normalizando a diversidade no competitivo cenário dos battle royales.
  5. Life is Strange – A franquia da Square Enix construiu sua identidade em torno de narrativas LGBTQIAP+, com protagonistas como Max e Chloe, explorando temas de identidade sexual e de gênero com sensibilidade.

Influência e visibilidade: o papel dos criadores de conteúdo e artistas  

A representatividade nos games vai além da criação de personagens diversos; trata-se de construir um ambiente onde os jogadores possam ser eles mesmos, sem medo de represálias. “O impacto positivo disso transcende os jogos: influencia a autoestima, o senso de pertencimento e até mesmo as oportunidades dentro da indústria”, afirma a diretora do Team Solid.

Os influenciadores digitais desempenham um papel fundamental na ampliação da diversidade nos games. Criadores de conteúdo no YouTube, TikTok e Twitch utilizam suas vozes para dar visibilidade a jogadores de comunidades marginalizadas e incentivar conversas sobre inclusão no universo gamer.

Streamers e influenciadores LGBTQIA+, negros e pessoas com deficiência encontram nessas plataformas uma forma de compartilhar suas experiências e se conectar com um público que busca espaços mais inclusivos. Entre os influenciadores mais conhecidos, destaca-se Samira Close, uma das drag queens mais populares do universo gamer, que leva humor e representatividade para suas transmissões, além de Eevoh Alpharad

Empresas do segmento também têm promovido campanhas para destacar a diversidade, criando torneios e eventos voltados para públicos historicamente sub-representados.

Um caminho sem volta rumo a diversidade 

A diversidade nos games já não é mais uma tendência – é uma demanda real e urgente por espaços mais inclusivos, seguros e representativos. A indústria, os jogadores e os criadores de conteúdo estão, juntos, moldando um futuro onde cada jogador possa se ver nas histórias que consome, seja no campo de batalha de um jogo online ou nas escolhas de um RPG.

“A representatividade nos jogos não se trata apenas de personagens, mas de criar um ambiente onde todos os jogadores possam ser eles mesmos, sem medo de sofrer preconceito. Cada avanço, por menor que seja, faz diferença na construção desse espaço”, finaliza Croft. 

Com informações de assessoria de comunicação

Editor
Ilustrador, cartunista e quadrinista com mais de 30 anos de carreira. Premiado internacionalmente, destaca‐se pela crítica ácida e humor irreverente. Agora, como editor do HQPOP, ele traduz a cultura pop com ousadia e criatividade.

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