Um olhar detalhado e expressivo sobre a trajetória de um artista que valoriza a ação, a cultura nacional e a acessibilidade nos quadrinhos.
No universo dos quadrinhos brasileiros, poucos artistas conseguem capturar a essência do movimento, da ação e da expressividade como Roberto Mendes. Natural de Belém do Pará, Roberto construiu uma carreira que combina influências icônicas com um estilo próprio e autêntico. Desde seus primeiros rabiscos na infância até sua participação em importantes publicações nacionais, ele vem marcando presença com trabalhos que valorizam a narrativa visual e a diversidade cultural do Brasil. Nesta entrevista exclusiva para o HQPOP, a trajetória de Roberto, exploramos suas inspirações e descobrimos seus planos para o futuro. Confira!
HQPOP: Roberto, conte-nos um pouco sobre sua jornada como quadrinista. Como tudo começou?
Roberto Mendes: Nasci em Belém do Pará, em julho de 1970. Desde pequeno, eu gostava de desenhar. Estudei em escola pública e sempre que algum colega me pedia, eu rabiscava algo nos cadernos deles. Foi na adolescência, durante meus anos na Escola Salesiana do Trabalho, que minha paixão pelos quadrinhos realmente ganhou força. Conheci três amigos — Elias Galvão, Manoel e Washington — que também gostavam de desenhar. Durante os intervalos, nos reuníamos no pátio para desenhar juntos. Essa amizade foi crucial para meu desejo de melhorar e criar algo próprio.
HQPOP: Quais foram suas maiores influências nesse processo?
Roberto Mendes: Minha visão de arte mudou completamente quando descobri os trabalhos de Sal Buscema em O Incrível Hulk. O dinamismo das cenas dele foi um divisor de águas para mim. Depois, em uma banca de revistas, conheci A Espada Selvagem de Conan, com os traços incríveis de John Buscema e a arte-final impecável de Alfredo Alcala. Esses três artistas moldaram minha maneira de pensar e desenhar. Eles me inspiraram a criar meu próprio estilo, que mistura fluidez, expressividade e um olhar detalhado para cada cena.
HQPOP: Como você descreve o seu processo criativo?
Roberto Mendes: Meu processo é muito focado na expressividade. Sempre tento captar o tema abordado e posicionar os personagens de forma que transmitam ação e emoção. Não gosto de personagens estáticos; quanto mais movimento, melhor. Também dou bastante atenção à ambientação e aos elementos que compõem cada cena.
HQPOP: E sobre os quadrinhos atuais? Como você os enxerga em relação ao estilo clássico?
Roberto Mendes: Acho que as ideias estão bem divididas hoje em dia. Eu ainda prefiro o estilo clássico, mas reconheço que alguns quadrinhos modernos têm textos e artes excelentes. Para mim, o mais importante é que os quadrinhos sejam acessíveis e feitos para todos, não apenas para um grupo específico.
HQPOP: Você já participou de várias publicações. Pode nos contar sobre elas?
Roberto Mendes: Claro! Participei de Mundo das Trevas nas edições 1 e 4, fiz a capa da edição 4 e estou trabalhando na edição 5. Também contribui em Contos da Terra 1 e 2. Um projeto especial foi Sarcófago X, idealizado pelo escultor e quadrinista Franjo, que reuniu artistas brasileiros conhecidos tanto no mercado nacional quanto internacional. Nessa antologia, apresentei meu personagem Necroman, o Devorador de Homens. Outro trabalho marcante foi Nhengaíbas – A Resistência do Marajó, que celebra a resiliência do povo indígena em uma saga de heroísmo e sacrifício.
HQPOP: Quais são os seus planos para 2025?
Roberto Mendes: Pretendo produzir uma HQ individual e lançá-la. Quero continuar explorando meu estilo e criando histórias que conectem os leitores com temas profundos e emocionantes.
HQPOP: Você tem algum recado para seus leitores e para quem acompanha quadrinhos?
Roberto Mendes: Sim, eu diria: não deixem de ler quadrinhos! Valorizem as produções nacionais, que também têm muita coisa boa. Ler quadrinhos é tão bom quanto assistir a um filme. É diversão pura!
HQPOP: Roberto, muito obrigado pela conversa! Estamos ansiosos para ver seus novos trabalhos.
Roberto Mendes: Eu que agradeço pelo espaço. Espero que todos continuem apoiando os quadrinhos e descobrindo o potencial das produções brasileiras. Grande abraço!
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