Adolescentes da periferia de Belém superam desafios, criam robôs com sucata e disputam pela 1ª vez a Olimpíada Brasileira de Robótica.
Tecnologia, periferia e resistência: Jovens do Emaús quebram barreiras e chegam à Olimpíada Brasileira de Robótica
Há histórias que a cidade grande não conta. Mas nas oficinas de informática de um galpão na periferia de Belém, quatro jovens decidiram escrever a própria narrativa — com fios, placas recicladas e uma vontade imensa de vencer. Pela primeira vez, adolescentes atendidos pelo Movimento República de Emaús participarão da etapa estadual da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), no dia 28 de agosto, no IFPA.
O feito, que pode parecer pequeno para quem sempre teve computador em casa, representa um abalo nas estatísticas de desigualdade tecnológica da Amazônia urbana. Equipamentos recondicionados, recursos mínimos, mas um excedente de coragem. Na categoria “Trânsito”, os jovens — duas meninas e dois meninos entre 16 e 17 anos — enfrentarão desafios que exigem criatividade, lógica e muita superação.
“O que está em jogo aqui não é só a competição. É o direito de sonhar com futuros que antes pareciam inalcançáveis para esses jovens”, afirma o professor Reginaldo Nunes, responsável pelo projeto.
Essa conquista só foi possível graças ao esforço coletivo e ao apoio gerado por ações como a Grande Coleta de Emaús, que acontece no próximo dia 29 de junho. É através de doações de equipamentos usados, campanhas de arrecadação e trabalho voluntário que o Centro de Inclusão Digital do Emaús se mantém há mais de 15 anos.
Além de formar mais de 4 mil jovens em informática básica, avançada e manutenção de computadores, o Emaús criou uma rede de solidariedade que prova, dia após dia, que a tecnologia também pode nascer na periferia. “Muita gente acha que lixo eletrônico não serve pra nada. Aqui, ele vira porta de entrada para o futuro”, resume um dos alunos.
Com ou sem troféu, esses jovens já venceram. E agora sonham com algo ainda maior: levar a Amazônia periférica ao pódio da ciência nacional.