julho 22, 2025
Games

O que é speedrun e como ela se tornou famosa nas lives?

Divulgação:Freepik

Prática que desafia jogadores a zerar games no menor tempo possível movimenta milhões de visualizações e virou atração fixa nas principais plataformas de streaming

Speedrun é o termo usado para descrever o ato de finalizar um jogo no menor tempo possível. Mais do que completar a história principal, o objetivo está em fazer isso da forma mais rápida e otimizada, usando caminhos alternativos, atalhos e até falhas da própria programação do jogo. O que nasceu como uma curiosidade entre jogadores nos anos 1990 se tornou um dos formatos mais populares nas lives e plataformas de vídeo.

Segundo o site Speedrun.com, principal base de dados da comunidade, mais de 1 milhão de registros de corridas foram feitas apenas nos últimos 12 meses. O número mostra o crescimento da prática, que atrai tanto jogadores casuais quanto competidores de alto nível. 

Eventos como o Games Done Quick, realizado anualmente nos Estados Unidos, já arrecadaram mais de 40 milhões de dólares para instituições beneficentes, reunindo streamers do mundo todo em maratonas de speedrun transmitidas ao vivo.

O formato também encontrou no streaming um terreno fértil para se expandir. Lives de speedrun acumulam milhões de visualizações, e streamers especializados vêm conquistando público fiel. Entre eles está o brasileiro Batzera, conhecido por dominar corridas de jogos como Super Mario 64 e Celeste, e que já apareceu entre os melhores tempos globais em diferentes categorias.

Quais são os principais estilos de speedrun?

Existem diversas categorias dentro do universo do speedrun, e cada uma segue regras específicas. A mais tradicional é o Any%, na qual o jogador precisa apenas chegar ao final do jogo, usando qualquer recurso permitido, incluindo bugs e atalhos. Já 100% exige que todos os itens, objetivos e segredos do jogo sejam completados, o que aumenta a complexidade e o tempo da corrida.

Há também categorias como Glitchless, que proíbem o uso de falhas do jogo, e Low%, onde o desafio é terminar o game com a menor quantidade de recursos possível. Em títulos como The Legend of Zelda: Ocarina of Time, por exemplo, há corridas específicas só com a finalização de templos ou missões paralelas.

Cada comunidade define suas próprias regras, e os jogadores geralmente submetem vídeos das corridas para validação. As provas são cronometradas com ferramentas próprias, e pequenas melhorias de tempo podem levar meses de treinamento. Em muitos casos, o uso de emuladores, mods ou comandos é vetado, garantindo igualdade entre os competidores.

Como as lives ajudaram a tornar o speedrun popular

A expansão das plataformas de streaming, como Twitch e YouTube, foi determinante para a popularização do speedrun. O que antes era restrito a fóruns e gravações em baixa qualidade se transformou em conteúdo ao vivo, com milhares de espectadores acompanhando tentativas em tempo real. Isso trouxe visibilidade à prática e aproximou a comunidade dos espectadores, que passaram a entender os detalhes das corridas, torcer por recordes e participar ativamente das transmissões.

Streamers como o brasileiro Batzera aproveitaram esse cenário para criar uma base fiel de fãs. Com transmissões quase diárias e conteúdo voltado à técnica por trás das corridas, ele se consolidou como um dos principais nomes da modalidade no país. Batzera já aparece em rankings internacionais e utiliza suas lives para explicar ao público as estratégias usadas em cada categoria, comentando sobre atualizações nos recordes e treinos específicos para milissegundos de vantagem.

Speedrun também é sobre comunidade e colaboração

Embora o objetivo seja bater recordes individuais, o speedrun é conhecido por sua cultura colaborativa. Jogadores compartilham estratégias, discutem caminhos mais rápidos e analisam falhas em conjunto. Fóruns, servidores de Discord e canais de vídeo são frequentemente usados para divulgar novidades, debater mudanças nos jogos e ajustar categorias.

Quando um novo bug ou rota é descoberto, ele rapidamente se espalha pela comunidade. É comum que recordes sejam quebrados em sequência após uma descoberta coletiva. Em jogos mais populares, como Minecraft ou Super Mario Bros, o intervalo entre os recordes pode ser de apenas algumas horas, com streamers competindo ao vivo por décimos de segundo.

Segundo Lucas Longhi, CEO da experienceTech IOXtream, “a live deixou de ser apenas um canal de exibição. Hoje ela é uma ponte entre o criador e sua audiência, onde o público participa, vibra, comenta e faz parte da jornada. No caso do speedrun, isso cria uma conexão única, já que cada tentativa é acompanhada em tempo real e a comunidade interfere diretamente no clima da transmissão.”

A própria plataforma Speedrun.com permite que jogadores adicionem novas categorias, comentem nos vídeos dos adversários e votem sobre mudanças nas regras. Essa organização comunitária fortalece a prática e estimula a entrada de novos interessados, mesmo em jogos antigos.

O que é necessário para começar no speedrun?

Qualquer jogador pode se tornar um speedrunner. O primeiro passo é escolher um jogo com o qual tenha familiaridade e pesquisar se ele possui categorias ativas na comunidade. Em seguida, é recomendável estudar as rotas usadas pelos jogadores mais experientes, muitas vezes disponíveis em vídeos tutoriais ou transmissões comentadas.

Softwares de cronômetro, como LiveSplit, ajudam a controlar o tempo e dividir a corrida em seções. Eles são usados tanto para treinar quanto para submeter recordes. Embora não seja necessário equipamento profissional, muitos streamers utilizam placas de captura, microfones e câmeras para tornar o conteúdo mais atrativo ao público.

Em uma live recente, Batzera comentou sobre o início da sua trajetória no speedrun. “Eu comecei por curiosidade, tentando zerar Mario 64 mais rápido que meu tempo anterior. Quando vi, já estava treinando horas por dia, conversando com outros players e descobrindo técnicas que nunca imaginei que existiam no jogo.”

Com o crescimento das transmissões, surgiram até mesmo categorias inusitadas, como speedruns vendados, usando controles alternativos ou com objetivos fora do tradicional, como completar o jogo com o menor número possível de pulos.

Uma forma diferente de revisitar games conhecidos

Parte do encanto do speedrun está em dar uma nova vida a jogos já explorados por muitos jogadores. Títulos como The Legend of Zelda: Breath of the Wild, Dark Souls e Resident Evil 4 continuam ativos na comunidade mesmo anos após seus lançamentos. O desafio de vencer o jogo de forma rápida e precisa adiciona um novo nível de dificuldade que atrai tanto veteranos quanto novatos.

Para o público que acompanha, há um interesse constante em ver como os jogos reagem a estratégias incomuns e como cada corredor lida com a pressão de executar movimentos perfeitos em tempo real. Para quem joga, o speedrun é uma forma de aprimoramento técnico, mas também um exercício de criatividade e domínio sobre as mecânicas do jogo.

No fim das contas, speedrun é mais do que correr contra o tempo. É uma forma de explorar os limites de um jogo, desafiar a si mesmo e compartilhar com o público uma experiência que mistura habilidade, paciência e comunidade. Não por acaso, ela se tornou um dos pilares da cultura gamer nas lives e segue ganhando novos adeptos todos os dias.

Com informações de assessoria de imprensa

Editor
Ilustrador, cartunista e quadrinista com mais de 30 anos de carreira. Premiado internacionalmente, destaca‐se pela crítica ácida e humor irreverente. Agora, como editor do HQPOP, ele traduz a cultura pop com ousadia e criatividade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *