Paco Roca mistura política, história e suspense naval
Em O Tesouro do Cisne Negro, Paco Roca mergulha o leitor numa caça ao mítico navio Cisne Negro que expôs interesses nacionais e internacionais nas profundezas do Atlântico. Quando uma empresa americana anuncia a descoberta de um fabuloso tesouro submarino em 2007, um grupo de funcionários do governo espanhol assume a missão de provar a origem hispânica do naufrágio e defender a memória histórica de seu país.

Roteirizado e desenhado com precisão, o quadrinho combina flashbacks de dois séculos atrás a um intrincado embate jurídico e midiático contemporâneo. Roca conduz a trama com ritmo cadenciado, alternando sequências de investigação no tribunal a cenas subaquáticas repletas de tensão. Sua arte sóbria realça castelos de cartas políticos e afunda o leitor na atmosfera opressiva de bastidores de poder.
A força do álbum está em transformar um tema aparentemente técnico — leis, tratados e evidências arqueológicas — em puro suspense. Cada página vira-se como quem busca pistas num mapa esquecido, enquanto personagens ganham profundidade ao confrontarem lealdades nacionais e interesses corporativos.
Além do enredo envolvente, a edição caprichada da Devir (120 páginas em capa dura e papel de alta gramatura) enriquece a experiência: notas de rodapé contextualizam referências históricas, e a diagramação valoriza quadros e ilustrações.
O Tesouro do Cisne Negro revela que, por trás de qualquer lenda, existe o poder de quem controla as narrativas — e que descobrir a verdade pode custar mais do que ouro.