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Primeira história em quadrinhos do Brasil antes de Nhô Quim

Descubra a obra pioneira de Sébastien Sisson, de 1855. A arte sequencial de ‘O Namoro, Quadros ao Vivo’ desafia o cânone e reescreve a história dos quadrinhos no Brasil.

Primeira HQ do Brasil completa 170 Anos e está disponível para você

Por anos, fãs e pesquisadores de HQs consolidaram a ideia de que “As Aventuras de Nhô-Quim”, publicadas a partir de 1869 por Angelo Agostini, representavam o marco inaugural da História em Quadrinhos no Brasil. Essa obra de Agostini é inegavelmente crucial e pioneira, mas a cronologia da nona arte em terras brasileiras precisa de uma atualização histórica.

Afinal, qual é a Primeira História em Quadrinhos do Brasil? O título de obra pioneira pertence a “O Namoro, Quadros ao Vivo”, de Sébastien Sisson, publicada pela revista “O Brasil Illustrado” em 15 de outubro de 1855. Isso significa que a arte sequencial brasileira surgiu 14 anos antes da estreia de Nhô Quim!

A arte sequencial de 1855: humor e namoro na corte

A definição fundamental que estabelece uma HQ é a combinação de imagens e textos dispostos em sequência, estruturados em quadros para contar uma história. Sisson aplicou essa fórmula em “O Namoro, Quadros ao Vivo”, retratando com humor como um namoro se desenrolava na sociedade de sua época. A narrativa, que utiliza o formato estético em quadros, culmina com dois finais alternativos, ambos ilustrados com um toque cômico, embora um tanto indesejável para os pombinhos.

A autoria dessa descoberta revolucionária para a história em quadrinhos brasileira é atribuída ao notório estudioso Herman Lima. Lima, conhecido pelo seu minucioso trabalho de pesquisa e catalogação da arte gráfica e do humor no país, foi quem identificou e apontou a obra de Sisson como a inaugural no gênero.

A relevância de “O Namoro, Quadros ao Vivo” é tamanha que Herman Lima a destacou como uma das principais atrações na exposição sobre “A Caricatura na Imprensa do Rio de Janeiro” em 1954, na Biblioteca Nacional. Na ocasião, até Carlos Drummond de Andrade expressou seu encantamento pela série.

Um novo marco histórico

Imagem: Instituto Sebastian Sisson.

Enquanto Angelo Agostini definiu a linguagem e deu ao Brasil um personagem central e duradouro, As Aventuras de Nhô Quim, Sébastien Sisson plantou a semente da arte sequencial em 1855. A obra “O Namoro, Quadros ao Vivo” demonstra que a linguagem dos comics (ou fummetti na Itália, mangás no Japão) já estava sendo utilizada de forma estruturada e sequencial no Brasil, muito antes de Yellow Kid (1896) de Richard Felton Outcault, que é frequentemente creditado com o pioneirismo mundial.

A arte sequencial, seja em “O Namoro, Quadros ao Vivo” ou em Nhô Quim, comprova que as HQs sempre foram uma ferramenta cultural poderosa, unindo arte, compromisso com a realidade, diversão e a capacidade de registrar os costumes e fatos das civilizações. Ao celebrar os 170 anos dessa obra pioneira, o Brasil não apenas celebra o passado, mas reescreve a sua própria história dos quadrinhos.

Fonte: Instituto Sebastian Sison

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