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Angoulême: crise força mudança e afasta diretor do festival

Ameaças de boicote e críticas de grandes editoras forçaram a redefinição na direção do Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême. Imagem/Reprodução

Entenda como a revolta de artistas, após denúncias graves e gestão tóxica, pressionou o Festival de Quadrinhos de Angoulême a redefinir sua gestão. Mas a 9e Art+ segue até 2027

Crise força Angoulême a ceder: diretor é afastado e nova gestão chega em 2028

O Festival de Quadrinhos de Angoulême, considerado o evento mais importante do mundo para as Histórias em Quadrinhos (HQs), anunciou mudanças significativas na sua organização após enfrentar uma intensa pressão internacional da comunidade artística. A revolta, motivada por uma série de escândalos, alcançou resultados: Frank Bondoux foi afastado da direção-geral da edição de 2026.

A pressão contra o festival atingiu um pico após ameaças de boicote por parte de quadrinistas e grandes editoras francesas. A principal exigência da comunidade artística, que mobiliza a campanha #NOFIBD2026, é o rompimento do contrato com a produtora 9èmeArt+, responsável pela realização do festival.

O Escândalo que acendeu o pavio

Os problemas envolvendo a 9èmeArt+, comandada por Franck Bondoux, são persistentes e diversos, incluindo acusações de nepotismo, falta de transparência financeira e gerenciamento tóxico. Contudo, o estopim da crise e o ponto central da revolta ocorreu na edição de 2024 do festival.

Naquela ocasião, uma funcionária da 9èmeArt+ foi vítima de estupro por um dos contratados do evento. O absurdo se instalou quando, após a denúncia à empresa, a própria vítima foi demitida. A justificativa dada pela 9èmeArt+ para o desligamento da funcionária foi a alegação de que “seu comportamento não era compatível com a imagem da empresa”. Esta atitude gerou uma onda de indignação que impulsionou o movimento de boicote.

Mudança de rota e novo processo

Em um novo comunicado emitido pela associação criadora do festival, foi anunciado que a direção fará um processo seletivo inédito para a escolha do futuro organizador do evento. A nota surgiu como um efeito direto das manifestações recentes, que criticaram a decisão anterior de manter uma gestão conjunta entre a 9e Art+ e a Cité internationale de la bande dessinée et de l’image.

O portal francês Comics Blog revelou que, em um comunicado assinado em conjunto pela direção artística, comercial e técnica do Festival de Angoulême, a saída de Frank Bondoux da organização da edição de 2026 foi confirmada.

Apesar do afastamento de Bondoux, a 9e Art+ permanecerá como empresa gestora do evento nas edições de 2026 e 2027, devido ao contrato ainda vigente para este período. A nova gestão executiva, escolhida pelo processo seletivo, só iniciará seus trabalhos a partir de 2028.

Para garantir a transparência do processo, um comitê será instalado no dia 18 de dezembro. Este grupo incluirá representantes da associação fundadora, financiadores públicos, editoras e, de forma essencial, autores e autoras de quadrinhos. A definição do novo responsável pela organização de Angoulême será divulgada em 18 de junho de 2026.

A comunidade de quadrinhos agora aguarda a evolução dos fatos, atenta para garantir que o festival, alvo de escândalos desde abril, siga adiante com uma gestão que priorize os criadores e a ética.

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