Estúdio Mapuá lança selo editorial e impulsiona quadrinhos amazônicos com foco na cultura e identidade da região Norte
No último sábado, 21 de junho, durante o encontro “Quadrinhos e Ilustração Amazônicas em Tempos de Emergência Climática”, promovido pelo Estúdio Mapuá e o portal de notícias HQPOP no Núcleo de Conexões Ná Figueredo, em Belém, foi anunciada oficialmente a criação do selo editorial do Mapuá Estúdio . A nova iniciativa surge em um momento de grande efervescência no cenário paraense de quadrinhos, no qual coletivos independentes e selos locais vêm ganhando cada vez mais destaque ao dialogar com as culturas e as pautas socioambientais da região.

Idealizado pelo estúdio que carrega o mesmo nome, o selo editorial do Estúdio Mapuá nasce com o objetivo de oferecer um espaço permanente de publicação para roteiristas, desenhistas e ilustradores que têm em sua arte a narrativa amazônida — da flora e fauna às memórias indígenas e afrodescendentes —, valorizando histórias que frequentemente ficam à margem do circuito das grandes editoras nacionais. Segundo seus idealizadores, a proposta editorial combina antologias, graphic novels autorais e fanzines temáticos, além de projetos multimídia que envolvem exposições, oficinas e ações educativas em comunidades locais.
A criação do selo foi saudada pelos participantes do debate, entre eles quadrinistas do Clube HQ Belém e realizadores presentes no evento. Em suas falas, destacou-se a importância de estruturar canais de distribuição que alcancem escolas, bibliotecas e espaços culturais fora do eixo metropolitano, bem como a necessidade de fortalecer redes de financiamento coletivo e acessar recursos de políticas públicas, como o ProAC e a Lei Aldir Blanc.
“Mais do que publicar quadrinhos, queremos fomentar um ecossistema criativo na Amazônia, em que os autores possam dialogar diretamente com suas comunidades, atravessando fronteiras físicas e digitais”, afirmou Leonardo Dressant, fundador do Mapuá Estúdio , durante a mesa de abertura. A proposta inclui ainda parcerias com coletivos de educação ambiental e movimentos sociais que atuam na proteção da floresta.
As primeiras publicações do selo editorial do Estúdio Mapuá já têm nome e propósito definidos. A estreia contará com a antologia de quadrinhos do coletivo Traço Norte, reunindo artistas da região Norte em histórias que exploram imaginários amazônicos sob diversas linguagens e estilos visuais. Outra obra confirmada é a HQ O Povo que Derreteu, dos autores Emmanuel Thomaz e Emerson Coe, que entrelaça ficção e cosmologias indígenas para narrar o colapso de um território ancestral. Ambas as publicações reforçam o compromisso do estúdio com narrativas enraizadas na Amazônia.
Com o lançamento do seu selo editorial, o Mapuá Estúdio amplia o mapa cultural e gráfico do Pará, reafirmando a tendência de descentralização do mercado de HQs no Brasil. A expectativa é que, já em dezembro, seja publicado o primeiro catálogo oficial, reunindo obras de artistas emergentes e nomes consagrados da cena local. Enquanto isso, o público poderá acompanhar oficinas, minicursos e atividades formativas que antecedem os lançamentos, consolidando um compromisso entre cultura, identidade amazônica e urgência climática.
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