O Farol / O Jogo Lúgubre mistura esperança e horror em duas histórias potentes
Paco Roca volta às prateleiras brasileiras com força total em O Farol / O Jogo Lúgubre, lançamento da Devir. O autor espanhol, conhecido por sua sensibilidade única, entrega duas narrativas que costuram guerra, loucura e a frágil persistência da esperança.
Em O Farol, seguimos Francisco, um jovem oficial republicano de apenas 17 anos fugindo para a França no meio da Guerra Civil Espanhola. Ele encontra abrigo em um farol isolado, onde o velho faroleiro Telmo reacende seus sonhos através de histórias épicas de navegação e bravura. A arte de Roca é contida e carregada de emoção: o uso sutil de uma cor adicional nas páginas em preto e branco destaca o contraste entre desespero e esperança.

Já O Jogo Lúgubre mergulha o leitor em um horror mais psicológico. Ambientado em 1936, na virada para o fascismo na Europa, o quadrinho acompanha Jonás, secretário de um pintor surrealista em Cadaqués, que enfrenta um desfile de pesadelos sombrios e figuras macabras. Roca faz da casa isolada e dos boatos sobre ela um labirinto de paranoia e morte, com traços que flertam com o expressionismo.

Ao revisitar esses trabalhos de sua fase inicial, Roca prova que o peso emocional de sua obra transcende o tempo. Suas histórias falam de sobrevivência, medo e resistência, costuradas por uma arte limpa, cinematográfica e poderosa.
O Farol / O Jogo Lúgubre é mais que um reencontro com as origens de Paco Roca — é uma celebração do poder dos quadrinhos para iluminar os cantos mais escuros da nossa história e da nossa alma.