Romance mistura inteligência artificial, mitologia e espiritualidade no coração do Círio de Nazaré em uma jornada cinematográfica pelo futuro da fé.
Quando a fé encontra a ficção: “Instinto de Eternidade” leva o Círio de Nazaré a um novo patamar na literatura pop brasileira
A maior manifestação de fé e devoção do Brasil, o Círio de Nazaré, ganha um papel surpreendente na ficção especulativa nacional. O romance “Instinto de Eternidade”, de David Oliveira Silveira Junior, une inteligência artificial, mitologia e espiritualidade em uma narrativa que mistura o realismo mágico ao thriller sci-fi, com ambientações entre o subúrbio do Rio de Janeiro e a cidade de Belém do Pará.
No centro da trama está Damiel Bastos, um jovem que embarca em uma investigação pessoal após seu pai, um pastor evangélico, ser acusado injustamente de tentativa de homicídio. A busca por justiça logo se torna uma jornada cósmica, envolvendo conspirações tecnológicas, sabedorias ancestrais e uma inteligência artificial misteriosa chamada Zetta. Tudo isso com o Círio de Nazaré como pano de fundo simbólico e espiritual, em cenas que misturam o sagrado e o futurista com uma força visual cinematográfica.
Com referências à religiosidade popular brasileira, filosofia, física quântica e mitologias universais, o livro explora a espiritualidade como ferramenta de autoconhecimento e transformação social. “A tecnologia não é o fim da fé, mas sua nova linguagem”, afirma o autor. Segundo ele, o livro nasceu de uma crise espiritual que se transformou em uma proposta ousada: reencantar o futuro com base nas heranças míticas do passado.
A narrativa se apoia em temas como transumanismo, ancestralidade, crise de fé e propósito coletivo, mas sem perder o ritmo ágil e o apelo visual, o que já desperta interesse para uma possível adaptação em série ou cinema.
“Instinto de Eternidade” é também um convite à reflexão: e se os paraísos prometidos pelas religiões forem, na verdade, futuros possíveis que a própria humanidade pode construir com ciência e empatia?
Com uma escrita intensa, visual e profundamente atual, o livro entrega uma história envolvente que dialoga com o Brasil profundo, sem abrir mão das grandes questões universais — da fé ao futuro, passando pela tecnologia e pelo sagrado.